Costuma-se dizer que para conhecer uma cidade é preciso andar por suas ruas. Entre inúmeras características, certos detalhes saltam aos olhos: pode ser a mistura cores, o formato de suas edificações. Em Montevideo, capital uruguaia, chama atenção a relação da cidade com a arte e, em especial, com a fotografia – além de ocupar inúmeros centros culturais, elas estão nas empenas de prédios e são exibidas ao ar livre, em fotogalerias integradas a dezenas de parques.
Trata-se de uma política pública da capital, realizada pelo Centro de Fotografia de Montevideo (CdF), instituição que tem entre seus admiradores os sócios da NITRO, Bruno Guimarães, Gustavo Nolasco, João Marcos Rosa, Leo Drumond e Marcus Desimoni. “O CdF é uma grande inspiração para nós e é uma referência para a fotografia latino-americana”, conta Magalhães.
Segundo ele, o CdF desenvolve, desde 2002, um importante trabalho para preservação da memória fotográfica e iconográfica do Uruguai e, também, para a sua difusão e democratização. “É uma atuação muito potente, que amplia o acesso, a circulação, joga luz à produção de novos autores, dá espaço e realiza projetos de educação por meio da fotografia.”

Bruto e Imperfeito
Nos idos de 2016, veio à público que essa admiração era mútua: naquele ano, a NITRO fora convidada pelo CdF para levar suas histórias a Montevideo. “É um trabalho que nos encanta por sua riqueza humana e capacidade de contar histórias, além de uma conexão especial com as pessoas fotografadas”, diz Daniel Sosa, diretor do CdF.
O coletivo, que estava perto de completar 15 anos, viu o convite como uma oportunidade para fazer uma mostra retrospectiva. Dentro de um universo composto por dezenas de projetos autorais, realizados de Norte a Sul do Brasil, foram pinçadas imagens que contam histórias de um país em eterna construção – um país “Bruto e Imperfeito”, como diz o próprio nome da exposição.

“Revivemos as nossas andanças, as mazelas, imperfeições e dores do Brasil, mas também sua beleza e poesia. Foi desafiador, por se tratar de uma exposição internacional, mas essa foi a nossa escolha: mostrar não só um país de natureza pujante, essa imagem pré-construída que se tem. Buscamos a diversidade, de conteúdo e territorial, e um olhar crítico sobre um país em transformação, no recorte pós anos 2000”, lembra Bruno Magalhães.
Fortalecida, a parceria se desdobrou em mais ações, como um workshop de fotografia, conduzido pela NITRO no CdF, e a exposição Moradores, exibida na Galeria Prado, em Montevideo – exibição que teve um grande impacto, segundo Sosa. “Devido ao enquadramento poderoso, ao uso da cor e ao tipo de história bastante diferente daquelas que o público está acostumado. ”
No ano seguinte, foram os belo-horizontinos que puderam conhecer mais sobre o trabalho desenvolvido pelo Centro de Fotografia de Montevideo. A convite da NITRO, Daniel Sosa participou do Circuito Fotografia e Patrimônio, realizado pelo Iepha-MG, na Praça da Liberdade, marco arquitetônico da capital mineira.